Vinho: bebida alcoólica ou alimento funcional?

“O vinho sempre esteve, de alguma forma, vinculado à história do homem, seja por ser uma bebida com sabor e personalidade próprios ou por apresentar benefícios à saúde”.

O vinho é um alimento funcional, eu posso garantir. Além de vitaminas, sais minerais e outras substâncias benéficas o vinho tem um dos polifenóis mais importantes para a saúde humana que é o Resveratrol.

A questão é existem no nosso torrão brasileiro uma série de entraves para reconhecer a bebida como alimento, enquanto autorizam um veneno chamado refrigerante.

Achei por bem copiar um artigo curto, fácil de ler e excelente que encontrei na internet. É um trabalho do Dr. Douglas André Würz, PhD em produção agrícola, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Seu email é douglaswurz@hotmail.com.

Eis o artigo publicado em 9 de fevereiro de 2018.

O vinho é uma bebida obtida da fermentação alcoólica da uva madura e fresca ou suco de uva fresco. A definição bioquímica caracteriza-o como bebida proveniente da fermentação alcoólica dos açúcares de suco de uva pelas leveduras e, em alguns casos, pelas bactérias láticas.
Conforme a composição do vinho, os principais constituintes são água, etanol, açúcares, minerais (potássio, fósforo, magnésio, cálcio, sódio, silício, ferro, manganês, zinco, cobre, níquel, molibdênio, cromo, cobalto), vitaminas (ácido
pantotênico, nicotinamida, vitamina B2, B6, biotina, ácido fólico), ácidos orgânicos (lático, tartárico, acético, málico entre outros), aminas bioativas (histamina, betafeniletilamina, tiramina), e traços de proteínas (5).
O resveratrol representa o composto fenólico mais importante do vinho, que é encontrado na casca da uva, e apresenta atividade bioquímica, age como inibidor da agregação plaquetária e coagulação, apresenta ação anti-inflamatória, regula o metabolismo lipoproteico e age como quimiopreventivo (4).
Considerar o vinho como alimento ainda surpreende as pessoas no Brasil. Essa surpresa é devido, possivelmente, aofato de o brasileiro, de modo geral, ainda não ter o hábito de tomar vinho às refeições. Em nações europeias, onde o vinho consta da dieta alimentar de seus habitantes há milênios, suas qualidades são reconhecidas e
culturalmente aceitas pela população.
Mas a questão de discutir se o vinho é um alimento ou uma bebida alcoólica vai além dos seus benefícios à saúde. Essa discussão reflete no preço pago pelo vinho. A cadeia produtiva por si só já apresenta uma alta carga tributária. Além disso, o fato de o vinho ser classificado tributariamente como bebida alcoólica incide sobre ele uma sobretaxação.
Nos países da União Europeia, EUA, Chile, entre outros, o vinho é classificado como alimento. Com isso, a incidência de impostos é menor. No Brasil, não se trata de alimento (menor tributação), nem de um produto ordinário (tributação normal), mas sim de artigo de luxo ou que representa dano à saúde (sobretaxação).
A intenção de classificar o vinho como alimento funcional não é de incentivar o consumo excessivo da bebida, mas sim aliviar a pesada carga tributária que acaba enfraquecendo o consumo interno em relação aos concorrentes. O vinho como alimento poderia viabilizar uma camada maior da sociedade brasileira a consumir uma bebida
que é, cientificamente comprovada, mais saudável e com inúmeros benefícios a saúde humana.
O objetivo do trabalho é demonstrar que o vinho pode ser considerado um alimento funcional, sendo um aliado da saúde humana, caso seja consumido moderadamente e regularmente. Para o desenvolvimento do trabalho foram compilados trabalhos científicos, referentes a publicações nacionais e internacionais sonre o tema “Vinho e Saúde” e  “Vinho: Alimento Funcional”, os quais foram consultados através de periódicos indexados no portal Scielo e Google Acadêmico.
Além disso, houve consulta de dados em instituições oficiais, tais como UVIBRA (União Brasileira de Vitivinicultura) e IBRAVIN (Instituto Brasileiro da Uva e Vinho). Cada trabalho foi catalogado e os dados foram organizados de tal forma que fosse possível fazer a elaboração do presente trabalho.

O Paradoxo Francês

 

O consumo de vinho teve início aproximadamente há 7.000 anos no Mediterrâneo, com sua comprovação benéfica à saúde em 1992, quando foi publicado o Paradoxo Francês. Desde então vem despertando atenção científica para os compostos e seus efeitos benéficos à saúde humana. Estudos realizados apontam que na França, apesar de o consumo elevado de gorduras saturadas, havia menor incidência de doenças coronárias, fato atribuído ao alto consumo de vinho (6).

O vinho sempre esteve de alguma forma vinculado à história do homem, seja por ser uma bebida com sabor e personalidade próprios ou por apresentar benefícios à saúde. Importantes civilizações antigas, como os egípcios, os gregos e os romanos, além dos hindus, utilizavam vinho como remédio para o corpo e para a alma.  Registros históricos mostram que o uso medicinal do vinho pelo homem tem sido uma prática feita há mais de 2000 anos (2).
De modo geral, podemos citar como benefícios do vinho: prevenção de doenças cardíacas e circulatórias; se bebida junto com a refeição é a que mais traz benefícios para diabéticos; favorável ao combate da obesidade; propicia maior longevidade e qualidade de vida; cria barreiras para o desenvolvimento de demência; a refeição acompanhada de vinho resulta em uma melhor digestão; possui efeito anti-infeccioso; propicia efeitos benéficos a saúde da mulher; são excelentes para a pele; pode prevenir a cegueira; possuem ação anti-inflamatória; podem atenuar as doenças pulmonares; além de ser uma bebida muito prazerosa (1).
Os principais constituintes de sais do vinho são os ânions minerais, sulfato, fosfato, cloreto e sulfito, e, os orgânicos, tartarato, malato e lactato, além de alguns cátions como o K+, Na+, Mg2+, Ca2+Fe2+, Al2+ e Cu2+. Os sais de cálcio e ferro são utilizados na medicina para o tratamento de  descalcificação e anemia (3).
A riqueza dos elementos que o integram faz dele, na realidade, um verdadeiro alimento líquido de incomparáveis virtudes e a principal condição para que o vinho traga benefícios para a saúde é que ele seja tomado de forma moderada e junto com as refeições, pois potencializa a absorção dos nutrientes que estão contidas nos alimentos (7).
De qualquer modo todas as bebidas alcoólicas, se consumidas em excesso, aumentam a exposição a uma gama de fatores de risco. Nesse sentido, o vinho também causa problemas quando consumido além dos limites. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de uma taça diária de vinho (em torno de 100 mL).
Porém não existe uma regra fixa que estabeleça o limite de consumo de álcool por pessoa, pois isso dependente de uma série de fatores inerentes ao indivíduo, como idade, sexo, estado emocional e o próprio limite de tolerância ao álcool (1).

Considerações Finais

Desde a antiguidade, o vinho está intimamente ligado à evolução da medicina, sendo que,
atualmente, o consumo de vinho tinto é reconhecido como benéfico à saúde. Os componentes do vinho
tinto são conhecidos como potentes antioxidantes e têm sido identificados por apresentarem
propriedades anticarcinogênicas, anti-inflamatórias e antimicrobianas. Os componentes presentes nos
vinhos evidenciam que o vinho pode ser considerado um alimento funcional.
REFERÊNCIAS
1.Filho JM (2014) Vinho é saúde
2.Johnson H (1989) Vintage: the story of wine
3.Ribéreau-Gayon P et al. (2006) Handbook of enology: the chemistry of wine stabilization and treatments
4.Sautter CK et al. (2005) http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612005000300008
5.Schleier R (2004) http://www.ppmac.org/sites/default/files/monografia_vitis_vinifera.pdf
6.Souza GG et al. (2006) http://www.naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/pdf/08_souzaggetal.pdf
7.UVIBRA (2018) http://www.uvibra.com.br/noticias_virtudes.htm

 

Dr. Abidias Barros

Nutrólogo Medicina Integrativa